domingo, 19 de dezembro de 2010

Educar - Rubem Alves

Apreciem o fim de semana!

Para relaxar e refletir sobre nossa profissão neste período crítico do ano, deixo a vocês uma apresentação em PowerPoint que recebi por e-mail há muito tempo:


Educar.pps
O link acima leva para download a partir da minha conta pessoal do 4shared. Não é vírus. ;)

Não nos deixemos enlouquecer pelo ritmo das aulas de recuperação.

Abraços!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Plano de Aula: Lírica, musicalidade, ritmo, relação de significados (EM)

Eis uma sugestão de aula para introduzir o conceito de lírica, com alunos do ensino médio. Se for o caso de aproveitar os textos para uma aula semelhante em outra série, sugiro que seja oitava, há que se concordar que os textos aqui sugeridos exigem certa maturidade do aluno.

Preparei para o primeiro ano, a fim de trabalhar ritmo e rima. O trabalho está divido em duas aulas.


Primeira aula:

Material necessário:
Folhas para os alunos contendo a letra da música Construção ou transparência e retroprojetor; aparelho de som e CD; quadro negro e giz.

Metodologia:
- Introduzir o conceito de lírica, lembro a etmologia da palavra (do grego, música)
- Introduzir a noção de ritmo e métrica, em linhas gerais, muito brevemente.
- Entregar aos alunos a letra de Construção, pedindo que, ao ouvir a música, observem como o ritmo interfere na interpretação da letra.
- Executar a música uma ou duas vezes, de acordo com o tempo disponível.
- Iniciar a discussão sobre a letra da música. Solicitar aos alunos que desejarem a exposição de suas observações sobre a música, quaisquer que sejam (sobre a letra, sobre o significado que for inferido etc.) É importante que, num primeiro momento, os alunos estejam livres para fazer os comentários, ainda que não estejam ligados à forma da poesia. É um momento de apreciação.
- Após a apreciação, orientar os alunos à questão da métrica e do ritmo. Reunir as impressões do alunos, apontando-as no quadro. Acrescentar outras observações importantes, tais como (vale lembrar que cada pessoa recebe a poesia de uma maneira diferenciada):
--- A última palavra do verso é sempre uma proparoxítona. Qual o efeito disso no ritmo?
--- O prolongamento das vogais, quando o coro canta os verso de Deus lhe pague provoca que efeito? E os metais (instrumentos de sopro)? Como esses efeitos (sensação de queda, barulho de buzina, de trânsito) interferem na nossa recepção da mensagem?
--- A repetição da mesma história, contada três vezes, mudando-se apenas a última palavra do verso, gera múltiplas interpretações do mesmo acontecimento (o operário que cai do alto de um prédio). Como foram interpretadas cada estrofe?

Segunda aula:

Material necessário:
Os mesmos, agora com a letra de Formato Mínimo.

Metodologia:
- Distribuir aos alunos a letra da música Formato Mínimo.
- Executar a música uma ou duas vezes.
- Abrir a discussão sobre a música, em quaisquer aspectos que os alunos desejem abordar. É provável que surja mais discussão sobre a mensagem, já que o tema (sexualidade) gera maior interesse entre os adolescentes.
- Caso nenhum aluno observe, destacar que o poeta se utilizou do mesmo recurso que Chico Buarque, colocando proparoxítonas no final dos versos, a fim de inferir ritmo.
- Propor uma atividade de produção de texto:
Como em Construção, pedir aos alunos que contem novamente a mesma história, mudando apenas a última palavra de cada verso. Os alunos devem procurar utilizar as mesmas proparoxítonas do texto original ao máximo, mas novas podem ser incluídas caso seja mais propício. O cuidado com a ritmica deve estar aliado ao significado do texto.

Letras das Músicas:

Construção (Deus lhe Pague)
- Autor: Chico Buarque de Holanda
Artista: Chico Buarque de Holanda (1971, faixa do álbum Construção)

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou prá descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçouComo se fosse um náufrago
Dançou e gargalhouComo se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou prá descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou prá descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão prá comer
Por esse chão prá dormir
A certidão prá nascer
E a concessão prá sorrir
Por me deixar respirar
Por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça
Que a gente tem que engolir
Pela fumaça desgraça
Que a gente tem que tossir
Pelo andaimes pingentes
Que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira
Prá nos louvar e cuspir
E pelas moscas bixeiras
A nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira
Que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

Formato Mínimo
- Autores: Samuel Rosa - Rodrigo F. Leão
- Artista: Skank (2003, faixa do álbum Cosmotron)

Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica

Poesias com temática "Flor / Rosa"

Seguem algumas poesias que eu escolhi para trabalhar com alunos de 5ª e 6ª série (plano de aula completo aqui).
Vale lembrar que é possível realizar a atividade com alunos de outras séries, bastando adaptá-la.

[Grupo 1]

4º motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo seu teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando em mim.

E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.


Cecília Meireles (1901 – 1964)
Poetisa brasileira. Escreveu também para crianças.

[Grupo 2]

A rosinha

A rosa que te dei, há tão pouco nascida,
Era do rouxinol a rosa preferida;

Muita vez, ao luar, nas rosas orvalhadas,
Viram-na murmurando as lânguidas baladas.

Oh! Conserva esta flor, conserva-a com cautela,
Tua respiração pode alongar a dela;

Toda vez que ela ouvir teu anélito brando,
Há-de conjecturar que é o rouxinol cantando.

Thomas Moore (1477 – 1535)
Humanista, político e escritor inglês. Considerado um grande filósofo também.

(tradução de Ary de Mesquita)

[Grupo 3]


A rosa enferma

Oh rosa, estás enferma!
O verme transparente
Que voa na noite
Ao som da borrasca

Encontrou tua cama
De alegria carmesim
E seu amor, sombrio e secreto,
Tua vida arruína.

William Blake (1757 – 1827)
Considerado um dos maiores poetas da língua inglesa. Viveu em Londres. Era conhecido por sua devoção cristã.

(tradução de José Jorge de Carvalho)


[Grupo 4]

Trecho de Cântico dos Cânticos

Esposo
Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa:
os teus olhos são como os das pombas.

Esposa
Como és formoso, amado meu, como és amável!
O nosso leito é de viçosas folhas,
as traves da nossa casa são de cedro, e os seus caibros, de cipreste.
Eu sou a rosa de Sarom,
o lírio dos vales.

Esposo
Qual o lírio entre os espinhos,
tal é a minha querida entre as donzelas.

Atribuído a Salomão (aproximadamente século IV a.C.), porém o autor continua desconhecido.
O Cântico dos Cânticos é um poema lírico que consta tanto na Torá (tradição judaica) quanto na Bíblia cristã. Pode ser localizado após o livro de Eclesiastes, no Antigo Testamento.
Salomão foi o terceiro Rei dos Judeus, sendo filho de Davi.

(tradução de João Ferreira de Almeida)


[Grupo 5]

A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Vinicius de Moraes (1913 – 1980)
Poeta, contista e compositor carioca. Trabalhou como diplomata e, devido a isso, morou em diversos países.


Dando prosseguimento à atividade, eis uma sugestão para o dever de casa:

Dever de casa:

Vamos explorar o aspecto lúdico da poesia?
Mário Quintana sugere uma interessante forma de escrever um texto poético. Observe como, no texto abaixo, o autor mistura o conceito de leitor e escritor/artista. Aproveite a sugestão de Mário Quintana e traga seu poema em forma de mural. Se preferir, você pode explorar também imagens.


O leitor ideal
Mário Quintana

O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.
Uma frase? Que digo? Uma palavra!
O cronista escolheria a palavra do dia: “Árvore”, por exemplo, ou “Menina”.
Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.
Imaginem só uma meninazinha solta no meio da página.
Sem mais nada.
Até sem nome.
Sem cor de vestido nem de olhos.
Sem saber para onde ia...
Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor!
E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...
E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista.
Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar os seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha...
Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”. Serve?

Poesia: aula para o EF

Querendo trabalhar poesia com os alunos do Ensino Fundamental?

Elaborei uma atividade que pode ser adaptada para alunos desde a 5ª série, até mesmo para o Ensino Médio.
As poesias e o dever de casa já estão postados no tópico abaixo. Segue agora o plano de aula:

Plano de aula

Objetivos:
« Trabalhar diversos textos poéticos, de várias épocas e culturas diferentes;
« trabalhar a polissemia dentro do texto poético;
« promover a integração e o trabalho em grupo entre os alunos;
« promover, através da atividade extra-classe, a produção poética.

Diagnóstico da turma:
Alunos da oitava série do Ensino Fundamental, entre 14 e 15 anos.

Material a ser utilizado:
Quadro-negro, giz, folhas contendo as poesias para cada grupo.

Metodologia/ Cronograma:

1. Inicialmente, será feita uma ligeira apresentação do conteúdo que será trabalhado nas próximas aulas: figuras de linguagem.

2. Será discutida as noções de polissemia, relações entre significado/ significante e revisado os aspectos denotativos e conotativos da linguagem.

3. Atividade: A partir da palavra FLOR, os alunos deverão apontar sentimentos e imagens aos quais essa palavra os remete. A palavra será escrita bem grande, no meio do quadro e as palavras apontadas pelos alunos serão escritas ao redor.



4. Prosseguindo a atividade, o mesmo procedimento será tomado, mas agora o sentido estará restrito à palavra ROSA.

5. As poesias serão agora declamadas pelos professores para os alunos. Logo após, os alunos serão informados que as poesias foram escritas em épocas muito diferentes, da Antigüidade ao pós-guerra, por autores brasileiros e estrangeiros.

6. Atividade: Os alunos deverão se dividir em cinco grupos, cada grupo receberá uma das poesias previamente selecionadas e declamadas pelos professores. Ao grupo caberá ler sua poesia e discutir o significado dela, analisando como foi usada palavra rosa. O grupo deverá fazer um desenho que represente ou ilustre a poesia.

7. Cada grupo elegerá um representante para reler a poesia para a classe e apresentar o desenho, explicando-o.

8. A palavra será aberta para que os alunos possam falar sobre o que acharam das poesias, da atividade, o que puderam concluir sobre o significado das palavras etc.

9. Será lido o texto que servirá como base para o dever de casa e serão passadas as instruções para a realização da tarefa.

Continue contando com Gabi!

Queridos,

Sejam bem vindos a este novo espaço.

"As Aulas da Gabi" é apenas uma reformulação do antigo "Conte com Gabi!", agora mais focado no compartilhamento de planos de aulas e dinâmicas para trabalho em grupo.

Espero que gostem e participem com suas ideias e com seu feedback.

Abraços!